Influência das abelhas sociais meliponini sobre a topologia das redes de interação flor-visitantes: teste experimental de campo

Vigência: outubro/2014 a maio/2018

Orgão Financiador: FAPESB

Coordenação: Franciélli Cristiane Gruchowski Woitowicz Link para Currículo Lattes

A compreensão da estrutura das redes de interações plantas-polinizadores tem se beneficiado com o desenvolvimento de novas técnicas analíticas e softwares nas últimas décadas. O papel central de alguns grupos funcionais sobre a topologia dessas redes é um dos aspectos ecológicos de maior interesse teórico e prático, no que se refere ao manejo (de habitats ou espécies) e conservação dos serviços de polinização. As abelhas sociais Meliponini formam um grupo de importância central no processo de polinização nos ambientes tropicais, dada a sua dominância numérica nas comunidades ecológicas e ao comportamento generalista de uso de recursos florais, que levaram à formulação de hipóteses, já nos anos 1990, sobre o papel central na maleabilidade das relações flor-abelhas nos trópicos com a suposta apropriação de espaços de nicho de outros visitantes florais. Embora suas colônias populosas com ciclo de vida de perene conduzam ao comportamento generalista, muitas espécies podem apresentar preferências temporárias, concentrando a exploração de néctar e pólen em algumas fontes florais, frequentemente mais produtivas (abundantes e concentradas no espaço-tempo, como as espécies com “mass-flowering”, por exemplo). Busca-se entender como o comportamento generalista (que amplia as possibilidades de escolha), associado ao processo de “especialização temporária” (que leva à manifestação de preferência ecológica), característicos de Meliponini, introduzem dinâmica à estrutura topológica das redes de interações abelhas-flores no nível das comunidades ecológicas onde essas abelhas são dominantes. Nossa hipótese básica de estudo adota a premissa de que quanto menor a oferta de fontes florais “produtivas”, mais difusa tende a ser a influência das abelhas Meliponini sobre as redes flor-polinizador, que devem então apresentar dinâmicas dependentes do período do ano (sazonalidade de florações) e da estrutura florística dos habitats. Será analisada a dinâmica espacial das redes entre habitats heterogêneos na escala da paisagem da Floresta Nacional de Três Barras (FLONA) no estado de Santa Catarina. A estruturação das redes no nível das comunidades ecológicas será avaliada com dois conjuntos de dados independentes e complementares: amostras de abelhas nas flores e análise do forrageio de pólen por colônias de uma espécie focal de Meliponini (Melipona marginata). Para amostragem nas flores, em cada habitat, foram distribuídos 6 pontos amostrais, distantes 150 m ou mais entre si, onde foram delimitadas áreas de coleta nas flores com 500m x 20m (1ha). Três desses pontos amostrais mais distantes entre si foram selecionadas e no seu centro foram dispostas colônias de Melipona marginata (Meliponini) para registro da atividade de forrageio e amostragem de pólen. A intensidade de coleta de pólen nas diferentes fontes florais será estimada com a identificação e contagem dos grãos de pólen em lâminas. Neste caso, aplicaremos uma nova técnica de análise polínica para expressar os resultados em termos de “equivalentes florais”, contornando a falta de relação entre quantidade (nas lâminas) e biomassa de pólen consumida. Será elaborada uma matriz de adjacência com valores binários de presença e ausência de interação entre os grupos, para realização dos seguintes cálculos: tamanho, conectância e grau de aninhamento da rede. As redes de interação nas flores serão ajustadas com os dados de forrageio de pólen para checar efeitos das preferências florais em Meliponini. A seguir, a influência dos Meliponini sobre a topologia das redes será testada através da manipulação dos dados empíricos.

Equipe:

Franciélli Cristiane Gruchowski Woitowicz Link para Currículo Lattes

Mauro Ramalho Link para Currículo Lattes

Claúdia Inês da Silva Link para Currículo Lattes

Instituições:

USP
UFBA
UNESPAR