Quem somos

A necessidade de se ter uma base de dados com os grãos de pólen para auxiliar na identificação das espécies de plantas usadas na dieta das abelhas foi o princípio para a construção da RCPol (Rede de Catálogos Polínicos online). A RCPol foi idealizada em 2009 e criada oficialmente em setembro de 2013. O objetivo principal da RCPol é promover a interação entre pesquisadores e a integração das informações contidas em suas Palinotecas, herbários e coleções de abelhas.

A intenção dos coordenadores e colaboradores da RCPol é facilitar o trabalho de pesquisadores e do público em geral na busca pelas informações sobre espécies de plantas, flores,  grãos de pólen, esporos e a interação com as abelhas.

O site da RCPol apresenta várias informações relacionadas à Palinologia e interação trófica entre abelhas e plantas. Além disso, estão disponíveis ferramentas computacionais que chamamos de chaves interativas com múltiplas entradas para identificação de espécies. Essas ferramentas foram desenvolvidas em parceria com a Escola Politécnica da USP-São Paulo. A base de dados que será usada nas chaves interativas para identificação de espécies estão sendo criadas em parceria com pesquisadores e colaboradores de várias Instituições do Brasil e do exterior, que atuam nas áreas de Palinologia, biologia floral, polinização, taxonomia vegetal, ecologia e interações tróficas.

Com as chaves interativas com múltiplas entradas para identificação de espécies é possível, por meio de descrições morfológicas das flores, auxiliar taxonomistas em botânica, que usam a morfologia floral como um dos aspectos para a identificação das espécies de plantas. Da mesma forma, as descrições morfológicas dos grãos de pólen e esporos também permitirão a identificação de espécies de plantas. O pólen tem sido usado por taxonomistas para agrupamento ou separação de espécies em estudos filogenéticos.

No início de sua criação, a RCPol tinha o foco na identificação das plantas usadas na dieta das abelhas, contudo, com o passar do tempo, a proposta dessa Rede se estendeu à outras áreas da Palinologia como:

  • Palinotaxonomia, que estudam os caracteres morfológicos dos grãos de pólen, que são verdadeiramente reveladores do parentesco e procedência dos diversos grupos taxonômicos;
  • Geopalinologia e a Paleopalinologia, que estudam os grãos de pólen depositados nas camadas do solo que permitem a caracterização de regiões petrolíferas e a reconstituição de antigas vegetações. Esta última de grande importância para a compreensão da origem e do estabelecimento da vegetação atual;
  • Melissopalinologia, que consiste na identificação do pólen nos produtos apícolas para caracterização geográfica e floral, com aplicação no controle de qualidade e reconhecimento da flora apícola e estudo da ecologia alimentar das abelhas;
  • Palinoecologia, que estuda a dispersão do pólen, feita por meio de diferentes dispersores e nos revelam o seu caminho percorrido ou o seu destino. Esse estudo tem sido fundamental para a interpretação de redes de interação entre plantas e visitantes florais e/ou polinizadores e também sobre interação trófica entre abelhas e plantas usadas na dieta de adultos e imaturos. A Palinoecologia tem dado suporte nos estudos sobre as interações estabelecidas entre abelhas e plantas e tem subsidiado a elaboração de planos de manejo e conservação, tanto para as abelhas, como também para as espécies de plantas por elas visitas e/ou polinizadas.
  • Esporos de pteridófitos, consiste na identificação de esporos de samambaias em registros polínicos, principalmente fósseis, do Quaternário e demais tempos geológicos. Uma das condições que o banco de dados de esporos de pteridófitos permite é a identificação de espécies de samambaias no passado através dos esporos de suas respectivas espécies. Como cada espécie tem seu esporo característico (assim como nos grãos de pólen), é possível descobrir qual era a representatividade vegetacional de samambaias ao longo do tempo no passado. Este tipo de análise está relacionada à caracterização paleoambiental, permitindo o reconhecimento das mudanças da vegetação e do clima, uma vez que são indicadoras de ambientes específicos.

Com a ampla utilização do pólen como um marcador natural e dado ao pouco número de pesquisadores atuando na área da Palinologia e da pouca representatividade do número de Palinotecas no Brasil e no mundo em relação à diversidade botânica existente, a RCPol surge como uma forma de estímulo para que a Palinologia seja ampliada e que haja uma integração entre as Palinotecas.